Entrevista exclusiva – Patrícia Lhuffa

Ivetando moda há muito mais tempo que eu, Patrícia é a responsável pelo figurino de Ivete Sangalo. Do pijaminha de flanela com estampas de ursinhos ao chapeuzinho de marinheira do Festival de Verão, Lhuffa não dá ponto sem nó. Muito pelo contrário, por cima do nó ela põe umas penas de avestruz albino da Sumatra que representam a paz e a fraternidade entre os homens.
Em entrevista exclusiva ao IM ™ , a ousada moça nos contou um pouco sobre seu trabalho com a Musa, sobre seu primeiro estágio com Clodovil Hernandez e sobre muitas outras coisas que eu cortei, costurei e fiz um tubinho lindo.

Patrícia Lhuffa é personal stylist de Ivete Sangalo e do ídolo
Stevie Wonder, que confia cegamente em seu trabalho.

Ivetando Moda – Patrícia, como é trabalhar com Ivete Sangalo?
Patrícia Lhuffa – É uma maravilha. Recebo em dia, ganho ingressos de graça, ando de jatinho particular e ganho beijos no Blog.

IM – Vc não tem medo de andar de jatinho? Dizem que balança muito.
PL – Pois é, Ivetinha já disse que gosta do que balança. Realmente, tenho um pouco de medo, mas quando viajo no jatinho, opto sempre por calças escuras.

IM – Por falar em calças escuras, vamos falar de moda.
PL – Ai que saco, sempre isso.

IM – No Carnaval deste ano, Ivete usou e abusou de penachos. Seria uma alusão à sua clássica canção Canibal, que ostenta penachos na cabeça?
PL – Não. Foi culpa da Lua.

IM – Vc se inspirou na música “Foi culpa da Lua”?
PL – Não, não, Lua é a minha estagiária. Ela quem escolheu o figurino e ainda conseguiu as penas por uma pechincha.

IM – Conte-nos qual foi o critério para a escolha do figurino do tão, tão e tão divulgado show do Maracanã.
PL – Não houve critério.

IM – Vc quer dizer que escolheu as roupas aleatoriamente?
PL – Não, veja bem (risos desconcertados). Tenho liberdade de criação. Normalmente uso elementos que considero mágicos e proponho à Ivete. Ela aceita sempre. No caso do Maracanã, derretemos discos de vinil de Rosa Passos, Gilberto Gil e Stevie Wonder, e fizemos o macacão preto. Ivete olhou para o céu e chorou.

IM – É o tipo de coisa que não temos como saber a olho nu.
PL – É. Apesar de mostrar bastante as pernas, Ivetinha não gosta do olho nu. Por isso usa short por baixo da saia.

IM – O vestido branco do Maracanã, acompanhado de pés descalços, creio que tenha sido uma alusão às raízes da Bahia.
PL – Sim. A vestimos de branco, pois é a cor das vestes de Yemanjá. Cadê Ogum? Foi pro mar. O pé descalço foi para não fazer bolhinha.

IM – Ivete não gosta de bolhas?
PL – Não. Muito menos as de sabão.

IM – Vc poderia aproveitar para explicar a pergunta que não se cala na mente de todos os jovens brasileiros do século XXI, que estão sedentos do saber. Como o chapeuzinho do Festival de Verão se sustentou na cabeça de Ivete por tanto tempo?
PL – Foi fruto de muita dedicação. Fizemos um trabalho intenso com ela de equilíbrio, por 2 meses, e pedimos auxílio da Sociedade Brasileira de Malabarismo. Ela caminhava com livros na cabeça. Mas somente livros que falam de alegria, é claro.

IM – E Ivete se sentiu à vontade com o chapéu?
PL – No princípio relutou um pouco. Mas eu falei pra ela que mau gosto não existe, a feiúra era algo que estava na cabeça dela.

IM – A gente já percebeu também que Ivete repete muita roupa...
PL – Aí que está o engano. Ela não repete roupa. Apenas é muito fotografada.

IM – Patrícia, nós do IM gostaríamos muito de agradecer sua entrevista exclusiva. Nosso site é lido por milhares de pessoas ao redor do mundo. Vc gostaria de mandar um recado para todos os nossos incontáveis leitores?
PL – Gostaria somente de fazer um apelo. Quando vcs não souberem o que fazer com um abadá, não façam nada. É cada corte horrível que eu vejo do alto do trio. Esse negocio de tirar a golinha me dá nos nervos.