Semana passada teve o prêmio Tim de musica. Ao contrario do que o nome sugere, não era uma doce homenagem póstuma a Tim Maia, mas uma doce homenagem “préstima” a Dominguinhos.
Mas o que roubou a cena nesta premiação não foram os prêmios que a nossa amiga abocanhou, não foi a musiquinha-lentinha-chata-que-todo-mundo-diz-que-é-linda que nossa amiga cantou com Dominguinhos, nem tampouco o ninho-de-pombo-recem-nascido que nossa amiga ostentava na cabeça que competia com a mata da Vanessa. O que realmente nos roubou a atenção foi a declaração de 2 segundos que a nossa amiga deu ao programa Pânico, minutos antes de entrar no Theatro Municipal.
- Ivete, que conselho vc dá às cantoras novas que estão começando agora?
Neste momento, faz-se necessária uma pausa para que todos saibamos que o repórter do Pânico, travestido de mulher, não é do tipo de repórter que faz perguntas sérias, em busca de uma solução para um problema humanitário. A pergunta, por mais disfarçada que esteja, é sempre recheada de capciosidade, se é que essa palavra existe.
- Me imita que deu certo.
Pronto. Esta foi a resposta da nossa amiga em meio a empurrões, flashes e câmeras enterradas em seu belo rosto sem maquiagem. E foi no meio deste tumulto que Ivete conseguiu, com 5 palavras, roubar sua própria cena.
Manifestações infinitas de fãs da cantora loira – aquela que está sempre “começando” e um dia vai despontar – ofendidos com a agressão gratuita e espontânea da cantora morena – aquela que está sempre no auge de sua carreira e um dia irá desacelerar.
Ivetinha, a menina de Juazeiro que, segundo a própria, recebe mais de 400 mil de cachê, que abocanha prêmios com a facilidade que Ana Maria Braga abocanha uma feijoada às 9h da manhã, que lota estádios de futebol, que vende CDs, DVDs, singles, toques de celular, sandália, tinta de cabelo, aparelhos eletrônicos, cerveja e cia. Esta Ivete Sangalo, tão comemorativamente famosa há mais de 10 anos, ainda não compreendeu o alcance que suas 5 palavras possuem. Ainda não conseguiu entender que absolutamente todas as suas declarações têm godzilhões de sentidos. Até mesmo quando têm.
Vamos agora mergulhar nesta frase com 5 palavras, que teve a força de um exemplar inteiro dos Lusíadas, para encontrarmos alguns outros significados.
Significado 1:
“Me imita que deu certo” – Ivete, na porta do Theatro Municipal, teve um acesso de altruísmo e se dispôs a ceder todas a sua banda, profissionais, empresa e figurino para qualquer cantora novata que queira faturar alguns milhões.
Significado 2:
“Me imita que deu certo” – Ivete, na porta do Theatro Municipal, estava na verdade mandando um recado para Vanessa da Mata, que capturou Davi Moraes para ser seu guitarrista e que, automaticamente, se transforma em marido potencial.
Significado 3:
“Me imita que deu certo” – Ivete, na porta do Theatro Municipal, resolveu, com exclusividade, dar uma palhinha de sua nova música de nome “Me imita que deu certo”, que conta a historia de uma menina de Juazeiro que se transforma em popstar.
Significado 4:
“Me imita que deu certo” – Ivete, na porta do Theatro Municipal, se referia a clássica dança do quadrado, no qual domina com maestria o passo “saci com giratória”, graças à sua longa experiência com o Pererê.
Significado 5:
“Me imita que deu certo” – Ivete, na porta do Theatro Municipal, lembrou-se do concurso de imitadores do Domingão do Faustão e acredita muito na vitória de sua cover, a menina Vanessa Menezes de Oliveira.
Fica a mensagem: nós escolhemos o que falamos. Mas nós também escolhemos o que ouvimos.
Alguém ouviu o Genival Lacerda cantando “Pedras que cantam”? Eu escolhi dar mute.